Das
estranhezas do cotidiano, essa foi uma das grandes.
Depois
de ler as notícias sobre o vinho ‘Toro Loco’ (espanhol), premiado pelo International
Wine & Spirits Competition, saí correndo atrás de uma garrafa. O motivo é o
preço: 4 euros, equivalente a 12 reais (lá). A notícia repercutiu, todos foram
atrás do vinho que (supostamente) teria desbancado garrafas com cifras muito
mais altas.
Rodei
toda Pouso Alegre e nada de encontrar. Supermercados, armazéns, e nem o focinho
do Toro Loco apareceu. Desisti de procurar.
Eis
que passando torto e distraído frente a um empório, olho para a vitrine e dou
de cara com ele, o próprio Toro Loco, como na imagem da internet, como tudo
nessa vida que só nos aparece quando abandonamos as esperas.
Entro
no recinto, dirijo-me até o vinho, saco a garrafa e digo – vou levar!
O
dono da loja me responde – Não vai!
É
claro que eu não entendi. Pensei que fosse brincadeira, mas o senhor falou
sério. Percebendo o meu espanto, ele se justificou (de uma maneira que não
explicasse muita coisa). Disse-me que não tinha nada com aquilo, mas que eu não
gostaria do vinho, me desafiando a conseguir beber uma garrafa sozinho. Segundo
ele, eu não conseguiria nem provar. Explicou que as notícias foram equivocadas,
e que o vinho teria desbancado apenas os outros mais baratos da categoria, por
isso foi bem sucedido. Não parou por aí, afirmando que o vinho é o mais vendido
da sua loja, e que só nesse mês encomendou 60 caixas.
Um
tanto incoerente, não?
Pensei
comigo se seria a última garrafa e que quem sabe ele estava reservando o tinto
para alguém especial, mas logo me virei e vi outras iguais na vitrine (!!!).
Insisti
– Vou levar por curiosidade.
E
ele – Deixa disso, com o preço desse vinho, você leva coisa melhor.
Pronto,
o cara me convenceu. Eu já parecia cansado. Não levei o vinho dele, tampouco
entendi sua insistência em resistir a venda. Eu disse que voltaria, quem sabe para
comprar outra garrafa. Nisso ele concordou. O senhor explicou que é justamente
o que queria, que eu voltasse à sua loja, pois se eu comprasse o tal Toro Loco,
não iria voltar de raiva, porque o vinho é mesmo ruim.
Cada
um é honesto de um jeito. Nunca vi vendedor não querendo vender. Quase o
aconselhei a tirar as garrafas da vitrine. Agradeci a honestidade e fui embora.
Com o dinheiro do vinho, comprei cerveja.
Algumas notícias sobre ele:
http://www.sommelierwine.com.br/toro-loco-tempranillo-2011-chega-ao-brasil.html
http://basilico.uol.com.br/4564-artigos-R$-25-A-GARRAFA
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