quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Por trás do banheiro masculino: a magia de Dona Inah


As damas não devem saber, mas existe algo que rebaixa o homem ao lixo da espécie: o banheiro. 

Não, minha filha. Não falo dos banheiros de casa, dos quais está pensando agora. Não digo do banheiro que você compartilha com seu pai ou seu irmão, queixando-se das tampas levantadas e dos respingos urinados por fora da privada; o homem não é pior se comete tais erros, as fêmeas cometem tamanho desastre ao entupirem o ralo com os tufos de cabelo no box do chuveiro.

Cito os banheiros públicos masculinos – aqueles de botecos e rodoviárias! Não importa onde, pode ser na faculdade, posto de gasolina ou num puteiro distante no sertão do Ceará: banheiro masculino é tudo igual, tem sempre a mesma cara. Banheiro de homem não étoillet, chega ao máximo a sanitário – com a plaquinha engordurada faltando dizeres, ou até mesmo sem indicativos, como aqueles onde se é preciso pegar a chave no balcão do bar.

Banheiro de homem é um universo vulgar. É o que mostra que homem é homem. Na porta, estão jogados aleatoriamente palavrões como ‘caralho’ e ‘boceta’. Na parede, eventualmente se avista uma pornografia desenhada – caricaturas de genitais, na maioria das vezes. Banheiro de homem mostra que ali mulher não entra. Ocorre uma autoafirmação da virilidade, traduzida por mal cheiro e putaria escrita. Sempre me perguntei por que alguém carrega caneta Bic quando vai mijar.

Dias atrás, descobri que o cenário tem salvação.

Vila Madalena, São Paulo. Um sambinha tocando ao vivo. Três cervejas. Vontade de mijar (recuso-me a escrever urinar). Pergunto onde é o banheiro masculino e o garçom me indica uma cabine ao fundo do recinto. Dirijo-me, abro a porta, avisto o mictório, e pronto. No momento, levanto a cabeça – todo homem levanta a cabeça quando mija no bar – e dou de cara com uma frase que não era para estar lá:

“Dona Inah, conheci a Bruna numa noite em que a senhora cantava. Obrigado!”

Repara na profundidade da frase. Repara no contexto. Uma típica declaração de amor, dessas escassas, escancaradas, que a gente já não vê mais hoje em dia. Ao contrário das expressões pejorativas, essa vinha escrita de caneta piloto, em bom português. Foi impossível não notar. O cabra estava tão apaixonado, mas tão apaixonado, que não esperou a moça para se declarar, soltou o verbo logo na parede da cabine pública, para outros homens verem. Lá onde os outros machos se desdizem, se ofendem e mijam!. Isso que é amor. Homem que é homem se declara.

Explico a minha surpresa. Em frente às mesas e às pessoas, situava-se uma senhorinha de setenta e poucos anos, morena, de feição indígena, que cantava samba raiz e animava a boemia paulistana. Dona Inah deve ter um metro e meio de altura. Espantou-me sua saúde e disposição para cantar, justo àquelas horas da madrugada.

Dona Inah, a própria.
Imagine agora que Dona Inah nunca saberá do casal que se formou por sua conta. Posso enxergar os dois pombinhos anos atrás, na porta do bar, apresentando-se e indagando que grupo de samba tocaria naquela noite amável. E do nada, depois da garoa, surgir Dona Inah, a madrinha alcoviteira. Apesar de velha e baixa, vale dizer que ela não passa despercebida. A rouquidão da sua voz é reflexo da experiência, um prato cheio para os amantes do samba.

A sambista nunca lerá a declaração feita no banheiro masculino, nem mesmo a felizarda com o nome de Bruna. E duvido que algum macho tenha condenado o apaixonado que a fez. Um amor é mais notável que um desprezo.

Se a ama, declare, mesmo no banheiro masculino. Quem sabe um dia alguém escreverá sobre isso.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

TIPOS MASCULINOS: O MACHO ANSIOSO



Sofrer por antecipação não é pouca coisa.

O macho ansioso é um coitado; sofre até pra ganhar prêmio. No momento da aposta já se preocupa em como fará para recolher a grana sozinho – tem medo de ser assaltado.

O macho ansioso não consegue dormir de ansiedade. Acorda antes que o despertador toque e passa o dia inteiro com sono.

O macho ansioso não dança bem. Quando puxa uma mulher bonita para dançar, atrapalha-se nos passos e pisa no pé dela.

O macho ansioso bebe cerveja e não dispensa um trago no cigarro. No bar ou na porta do hospital, não recusa nada que lhe acalme os ânimos.

O macho ansioso não bate pênalti. Acredita que o goleiro acertará o canto do gol antes mesmo que ele escolha.

O macho ansioso tem manias. Conserva um sem-número de rituais que julga necessário cumprir para evitar um desastre. Atribui imensa importância à simetria das coisas e evita ao máximo o contato físico com desconhecidos – acredita que aí moram as piores doenças.

O macho ansioso reza por antecipação. Faz prece para remediar um enrosco futuro. Às vezes crê em mais de uma coisa, somente para garantir os milagres; faz sinal da cruz e grita saravá – se não for um, vai o outro.

O macho ansioso não gosta de cumprimentar semi-conhecidos, tem pânico – o ex-colega de escola, o ex-vizinho, o ex-professor, etc. Quando avista algum na rua, prontamente se põe a amarrar os cadarços, desviar o olhar ou entrar na primeira loja à vista.

O macho ansioso toma remédios. A maioria já sofreu de falta de ar na infância e fez disso um trauma, o que o levou a carregar um estoque de primeiros socorros: tem band-aid, analgésico e até remédio pra dor de barriga (ele não gosta de lugares que não têm banheiro e carrega papel higiênico no carro).

O macho ansioso tem medo de engravidar a mulher – indaga se ela toma anticoncepcional, mesmo que a pergunta lhe custe a transa. Compra camisinha com espermicida.

O macho ansioso tem lugar cativo nas seguradoras.

Quando vai sair, chega antes no restaurante – tem medo que esgotem as vagas. Leva dinheiro, cheque e cartão – na falta de um, vai o outro. A conta é sempre uma surpresa.

Quando tem compromisso, vai de taxi – o transporte público sempre atrasa e pode lhe deixar na mão, prefere não arriscar.

A vida do ansioso é uma aventura. Ele enxerga risco em avião e epidemia em multidão. Tem os nervos à flor da pele e faz disso um instrumento futurista – analisa todas as possibilidades antes mesmo que alguma aconteça. Sua vida tem mais ação do que as demais.

Ele é lírico e pensante. Seu nervosismo é uma autodefesa; sua expectativa é modelada – uma metralhadora de impressões desnecessárias, uma chuva de balas desperdiçadas. Ansiar é gastar.

O macho ansioso é confiável. Não faz mal pra ninguém, pois acredita que o universo devolve tudo em troco.

Confesso que sou ansioso, mas nem tanto.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Sobre a fragilidade de Deus e a criação do mundo - Capítulo 2


2

Tudo crescia na Terra de maneira auto organizável, cada coisa em seu lugar. Deus delimitou seu espaço no planeta, estipulando também a cada ser o seu próprio sítio. Pensou num belo jardim farpado que assegurasse seu próprio deleite e o mesmo deu-se vida. Ocupava-se do ofício de pensar e inventar e descobrir. Passou a dominar as dádivas celestes e crescia em grande escala divina a partir de cada passo. Ainda que detivesse seu próprio jardim, o mundo era todo seu, o que não fazia-o restringir a um mero cercado florestal sua determinante atuação. Terminou por criar os outros animais, que de igual zelo fez de companhia para os humanos, aqueles a quem criava com carinho estimado. Era um reino, como o daquele que pensava ser seu pai. A partir de atos reiterados e inesgotáveis levou a cabo um bom par de criações, considerando as dádivas que detinha na ponta dos dedos. Ocorre que tudo na vida é contrapeso e em quase tudo há pesar. Ainda que tivesse o controle quase absoluto sobre a criação dos corpos, cada criatura era, desde que nascida, irrenunciável – exceto pela extinção total da espécie, saída que não lhe era das mais aprazíveis. Dos seus anjos fez servos livres, criaturas divinas com consciência e pensamento, e a quem dividiu em classes distintas de acordo com as ocupações necessárias. Como em toda sociedade é necessário determinar as castas e dizer, sem medo de soberania, “cada um no seu lugar”. Sejamos felizes, pensou Deus, e com aparência de boa gente deu seguimento à vida.

Sobre a fragilidade de Deus e a criação do mundo - Capítulo 1


1

Houve um tempo em que era tudo trevas. Planícies invertidas, cardos e folhas secas. Vento e fogo dividindo o mesmo espaço, sol e lua sob o mesmo plano, encobrindo-se e escurecendo-se pela mesma reta. Uma aridez percebia ser parda aquela atmosfera, composta por um cenário de lavas, cinzas e pedras. Como num estalo, caíram na terra arcanjos, querubins e outros anjos, seguindo-se por brotar do solo um amontoado de recém-nascidos a quem chamariam de humanos. Ao contrário do que diriam os cientistas, aconteceu tudo muito rápido. Uma mutação oriunda de um estrondo, de um sem-número de raios jogados por alguém: Deus, o mais novo dos filhos de Júpiter, o bastardo, a quem não permitiram escolher seu próprio planeta, tampouco o próprio destino. Por não ter quem lhe desse nome chamaram-lhe pela espécie, era apenas Deus e pronto. Não era outra coisa, era Deus sem nome, como também ninguém dá nome aos bois nem às galinhas. Abandonaram seu pobre corpo celeste à mercê das galáxias, navegando incerto pelo universo até cair em terra firme. Era apenas uma criança quando aconteceu. Aos filhos de Júpiter foram concedidas cinco dádivas: o domínio dos astros, o domínio dos corpos, o desejo do espírito, a escolha irrenunciável e o poder da criação. Com isso em mãos, e sem o mínimo auxílio de entes celestes que lhe dissessem o que fazer, Deus percorreu a Terra, vendo brotar do nada os reflexos de seus pensamentos. Tinha as dádivas, mas não o controle. Tudo saía como num disparo, aleatoriamente criado sem o mínimo cuidado, desvencilhado de qualquer propósito. Um vulcão aqui, uma geleira acolá. Teve tonteiras e o mundo passou a rotar. Agora havia luz, porém não sem trevas. Era como se vomitasse raios e a cada carga um novo corpo surgisse. Com o sentimento de solidão vieram os anjos, com seu sentimento de culpa, nasceram os humanos. Observava tudo do alto, como um menino errante, vagando solitário pela atmosfera. Não sabia se era ele mesmo fruto de um incesto celeste ou de um estupro divino. Por que lhe teriam abandonado?  Passou a tomar força com a terra, crescendo à medida com que aumentava o tamanho do planeta. Era um deus ímpar, o único órfão, a quem não se podem cobrar quaisquer sensos de responsabilidade ante a urgente carência. Num acesso de cansaço, Deus dormiu. Nos sonhos, viu florir um jardim, mesmo sem saber o que seria ou o que significaria aquele misto multicolor até então desconhecido. Quando acordou viu nascerem todos os seres. O mundo acabara de ser criado.

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Sobre a obviedade do ano novo - I




Em Dezembro todo cronista mostra a cara. É o mês da balança; um plantão para as reflexões do dia-a-dia que se acumularam até a chegada do ano novo. Até quem não escreve faz votos públicos por meio dos caracteres recheados de clichês e expectativas. As timelines das redes sociais ficam pequenas.

Quisera eu ser um Drummond e profetizar em Dezembro umas e outras coisas belas sem deixar de reconhecer as ruins. Mas o tempo não ajuda. Eu poderia dizer um sem-número de palavras capazes de adjetivar essa saga de trezentos-e-sessenta-e-cinco-dias que a gente chama de ano, reclamando e comemorando durante doze meses; mas não consigo.

Falta originalidade ao tempo. Quem sabe se o ano durasse uma década, ter-nos-ia assuntos novos e motivos de sobra para bater no peito e esperar o novo ciclo com um saldo positivo nos bolsos. A definição ocidental para o tempo se limitou a um petardo de estereótipos.

Você, senhora – coroa de dois filhos, marido e presente pra comprar – até vai conseguir entrar na academia depois da segunda semana de Janeiro e colocar em prática uma ou outra receita da Ana Maria Braga, quando o colega de trabalho do seu esposo for jantar na sua casa; mas não vai durar – no máximo até Abril, quando o Fantástico explicar a farsa da sua dieta.

Você, senhor – carro financiado, barriga de chope e contas a pagar – até vai conseguir beber menos, cortar o cigarrinho e atender ao que sua esposa católica apostólica romana pediu na época da quaresma e da menopausa; mas não vai durar – perderá o ritmo no primeiro churrasco antes do sábado de aleluia.

Você, adolescente – bixo de faculdade, com namorada nova e passado ilibado – até vai conseguir estudar, ser fiel e manter a forma e a convicção política longe de casa; mas não vai durar – verá de camarote tudo desabar depois da primeira cervejada da atlética e até vai achar graça nisso tudo enquanto estiver de ressaca.

Antes do meio do novo ano todos os votos e expectativas vão por água abaixo, escorrendo pelas mãos numa cusparada do destino. Os mais velhos se deixam levar por não ter mais nada a perder; são traídos pelo corpo. Os mais jovens corrompem a ideologia adotada em Dezembro ainda no começo do ano seguinte, quando chega o carnaval. Os mais velhos prometerão castigo aos mais novos; e estes saberão que aqueles não vão colocar a pena em prática, pois fizeram a mesma coisa em tempos passados.

Contenho-me com os pedidos e ambições de ano novo; chego a este sem quem era essencial em minha vida. Não encontro motivos para comemorar réveillon, senão por poder passar vivo, de um ano para o outro.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Entre Janeiros e Dezembros


Dezembro chegou para ele como um agiota – como quem pega de volta o saldo sem se preocupar com o prejuízo. O mês levou-lhe as calças e tudo mais. Cobrou sua dignidade. Desde o dia primeiro já se cansava das listas. Por ter aparência estável, de boa renda e bom coração, ninguém lhe esperava ‘não’. O senhor pode, você quer, seria uma honra. Uma dívida é medida por concordâncias. Aceitou tudo que o destino lhe dera, como que por osmose, ainda que não fosse muito. E deu tudo à vida, distraidamente. Em meados do mês teve ciência das apostas que fez ao longo do ano. A resposta é demorada e súbita, tudo ao mesmo tempo. Por razões que desconhecia, perdeu a mulher e o negócio. Voltou para a família. É sempre estranho quem volta para a família, isso porque a família incute um sentimento de culpa no sujeito, como quem avisa antes do resultado e depois relembra o conselho. Coitado, eu avisei. Pois bem. O sujeito que parecia ter tudo e não tinha nada não se contentava em perder. Perdia e perdia. O natal era pra ele uma desculpa para encher a cara – Dionísio nasceu no mesmo dia que Jesus, vinte e cinco. Por isso afirmava que o crédito era de Baco, e não de Cristo. Sobre presentes, relevava. Havia um dispêndio compulsivo em seu ser, algo que não era próprio, mas do sangue, uma necessidade efusiva de gastar o que já não era mais dele, como o tempo, como o amor. Dos males divinos, o sangue é o pior deles. O fator sanguíneo extingue a chance de escolha, distribui aleatoriamente os aliados, os vencíveis e os invencíveis, dizendo quão grande são os obstáculos afins do destino. O espírito natalino era uma máscara, um remédio que disfarçasse todo o estrago dos meses anteriores. Dezembro era, sobretudo, uma dúvida.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

O homem que não queria vender




Das estranhezas do cotidiano, essa foi uma das grandes.

Depois de ler as notícias sobre o vinho ‘Toro Loco’ (espanhol), premiado pelo International Wine & Spirits Competition, saí correndo atrás de uma garrafa. O motivo é o preço: 4 euros, equivalente a 12 reais (lá). A notícia repercutiu, todos foram atrás do vinho que (supostamente) teria desbancado garrafas com cifras muito mais altas.

Rodei toda Pouso Alegre e nada de encontrar. Supermercados, armazéns, e nem o focinho do Toro Loco apareceu. Desisti de procurar.

Eis que passando torto e distraído frente a um empório, olho para a vitrine e dou de cara com ele, o próprio Toro Loco, como na imagem da internet, como tudo nessa vida que só nos aparece quando abandonamos as esperas.

Entro no recinto, dirijo-me até o vinho, saco a garrafa e digo – vou levar!
O dono da loja me responde – Não vai!

É claro que eu não entendi. Pensei que fosse brincadeira, mas o senhor falou sério. Percebendo o meu espanto, ele se justificou (de uma maneira que não explicasse muita coisa). Disse-me que não tinha nada com aquilo, mas que eu não gostaria do vinho, me desafiando a conseguir beber uma garrafa sozinho. Segundo ele, eu não conseguiria nem provar. Explicou que as notícias foram equivocadas, e que o vinho teria desbancado apenas os outros mais baratos da categoria, por isso foi bem sucedido. Não parou por aí, afirmando que o vinho é o mais vendido da sua loja, e que só nesse mês encomendou 60 caixas.

Um tanto incoerente, não?

Pensei comigo se seria a última garrafa e que quem sabe ele estava reservando o tinto para alguém especial, mas logo me virei e vi outras iguais na vitrine (!!!).

Insisti – Vou levar por curiosidade.
E ele – Deixa disso, com o preço desse vinho, você leva coisa melhor.

Pronto, o cara me convenceu. Eu já parecia cansado. Não levei o vinho dele, tampouco entendi sua insistência em resistir a venda. Eu disse que voltaria, quem sabe para comprar outra garrafa. Nisso ele concordou. O senhor explicou que é justamente o que queria, que eu voltasse à sua loja, pois se eu comprasse o tal Toro Loco, não iria voltar de raiva, porque o vinho é mesmo ruim.

Cada um é honesto de um jeito. Nunca vi vendedor não querendo vender. Quase o aconselhei a tirar as garrafas da vitrine. Agradeci a honestidade e fui embora. Com o dinheiro do vinho, comprei cerveja.

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Algumas notícias sobre ele:

http://culinaria.terra.com.br/receitas/bebidas/premiado-vinho-de-r-25-tem-300-mil-garrafas-vendidas-em-2-meses,14102d566b72a310VgnVCM4000009bcceb0aRCRD.html

http://www.sommelierwine.com.br/toro-loco-tempranillo-2011-chega-ao-brasil.html

http://basilico.uol.com.br/4564-artigos-R$-25-A-GARRAFA